Movimento dos Sem Teto - Não consigo trabalhar se não for ao ar livre

   

     Por Toshinobu Ishida para LinkedIn Pulse e Blog "Managers Café"

    

     Este artigo não é sobre o MST. É sobre uma situação diferente que talvez um leitor possa enfrentar no seu trabalho.

     Certa vez, tive a oportunidade de instalar uma indústria de manufatura numa cidade do interior. Era uma ótima cidade, com população trabalhadora e séria. Mas havia um problema. Quase não existia cultura industrial disseminada entre a população.

     Para a função de operadores da produção, recrutamos e selecionamos um perfil de pessoas que eram jovens, iniciantes ou com pouca experiência no mercado profissional e muitos tinham somente a experiência de ter trabalhado com a família no campo. Participei de quase todas as entrevistas de seleção de operadores para poder acompanhar sobre o perfil que abrimos. Um dos casos já foi escrito no artigo sobre “Geração Hambúrguer”.

     Aqui gostaria de dividir uma experiência que para mim foi inusitada. Um dia estava fazendo acompanhamentos na linha de produção e como era hora de descanso um operador veio conversar comigo.

     - “Ishida-san”, hoje vou passar no RH na hora do almoço para pedir dispensa.

     - Porque? O que aconteceu?

     - Já tentei de tudo mas não consigo me adaptar no trabalho aqui.

     Tentei me lembrar de quando fiz a entrevista. Imagem que me veio à cabeça foi de que ele tinha uma experiência com agricultura familiar e achamos isso positivo pois acordar de madrugada para entrar no primeiro turno não seria problema.

     Puxei o rapaz para o cantinho e começamos a conversar. Aos poucos ele foi se abrindo e entendi o problema. Por estar acostumado a trabalhar no campo, ele não se sentia bem em locais cobertos. Ou seja, a existência do teto e da iluminação artificial causava grande desconforto no trabalho. Naquele dia, convenci-o a ficar. Mas semanas depois ele realmente pediu demissão.

     Tivemos outros inúmeros casos de sucesso e portanto mantivemos esse perfil de contratação. Anos mais tarde, compartilhei esta situação com conhecidos e alguns relataram casos semelhantes. Assim, aproveito este espaço para compartilhar o caso com os leitores.

Aconteceu alguma situação profissional que se encaixe no caso acima? Gostaria de compartilhar conosco?

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