Por Toshinobu Ishida para LinkedIn Pulse e Blog "Managers Café"
Quantas e
quantas vezes na sua vida alguém já empurrou um problema para você, mesmo aparentemente
sem querer, mas que no resultado final é mesma coisa do que dizer: “o problema
é seu!”?
Pela
praticidade, muitas vezes faço compras num supermercado de pequenas dimensões
(minimercado, mas de uma bandeira multinacional). Uma compra típica de
minimercado costuma ser de poucos itens, mas pela facilidade de uso, os
clientes costumam pegar o carrinho para ir colocando os produtos. É um carrinho
de pequenas dimensões e substitui o cestinho. Os clientes compram poucos itens
e a maioria deles os utiliza somente até o caixa. Os produtos seguem depois em
sacolas.
Aí que surge
o problema! Num hipermercado é usual levar as compras até o carro usando o
próprio carrinho. Mas num minimercado, não.
Dependendo
da hora e da coincidência, me dirijo ao caixa para pagar e encontro uma pessoa
na minha frente descarregando o carrinho e colocando os produtos no balcão.
Ritual de
aproximadamente 5 em 10 clientes: ao fim do descarregamento, pensa (?) que o
carrinho vai se desintegrar nos próximos 5 segundos!
Ou seja,
deixa largado na posição que o “meu” carrinho vai ocupar daqui a pouco. Esse
cliente fica prestando atenção no atendente, na passagem das mercadorias pelo
scanner, faz o pagamento, enche as sacolas e vai embora sem nenhuma vez olhar
para trás!
- Ei você, o
próximo, se vira que o problema agora é seu! - não, não, ele não falou isso.
Mas disse isso através de (falta de) atitudes.
Pois é, como
o “meu” carrinho precisa se aproximar do balcão, o problema agora é meu. Sou
obrigado a recuar o meu carrinho, remover o outro que está obstruindo e depois
encostá-lo no balcão.
No mundo profissional
é comum acontecer situações semelhantes. Veja um caso típico entre João e Maria:
Reunião de emergência. O cliente pede um Plano de Ações para resolver um problema de qualidade. Esse Plano de Ações envolve duas áreas distintas da empresa e portanto tem que ser feito com a colaboração do João e Maria. Prazo de resposta é de 5 dias. João tem que levantar e fornecer os dados para Maria analisar, concluir e apresentar ao cliente.
Assim, dada uma importante missão para cumprir, João inicia os trabalhos. Maria Imaginou que a situação era tranquila. João passa-lhe os dados amanhã e teria 4 dias para analisar.
Só para confirmar, Maria perguntou para o João:
- Você vai me passar os dados quando?
- Amanhã sem falta. Já estou extraindo do sistema - respondeu João.
No dia seguinte:
- João, o dia está acabando. Os dados estão prontos?
- Ah... sabe como é, apareceu um outro relatório urgente para detalhar as vendas e tive que dar prioridade. Mas amanhã, na primeira hora...
No segundo dia:
- Já detalhou as vendas? Agora está extraindo os meus dados?
- Sim, detalhei e comecei a trabalhar nos seus dados, mas aí achei melhor fazer algumas alterações e tive que dar a prioridade.
No terceiro dia:
- E? Preciso urgente! Se passar de hoje não consigo fazer uma análise e preparar uma boa apresentação - pediu Maria.
- Já vai. Peguei os dados e estou fazendo a formatação. Daqui a pouco estará no seu e-mail.
Mas nada apareceu no e-mail.
No quarto dia, de manhã cedo.
- Enviei a planilha com os dados hoje antes do início do expediente. Então fica como se fosse enviado ontem, tá legal? - disse o João com ares de missão cumprida só faltando dizer “fiz a minha parte, agora é com você”.
Dos 5 dias disponíveis para preparar o Plano de Ações, ficou para Maria apenas o último dia. Dá para produzir um bom trabalho com apenas um dia? Talvez. Mas com 2 dias, com certeza absoluta que sim. E ainda daria para ensaiar a apresentação.
Maria precisou trabalhar até de noite para concluir a apresentação. Teve dúvidas sobre os dados mas já era de madrugada. E foi para sala de reunião na base do “vamos ver o que acontece”.
A apresentação foi um desastre. O cliente fez algumas perguntas sobre detalhes e Maria não conseguiu responder a metade delas. Ficou uma situação muito desconfortável perante o cliente, chefe, colegas, ...
Tudo isso aconteceu porque falta um consenso de que somos parte de um todo. Numa empresa somos parte de uma equipe de trabalho. Num minimercado somos parte de uma equipe chamada sociedade. Sempre participamos e estamos envolvidos em alguma equipe. E precisamos de colaboração de todos que participam na sua execução no tempo certo.
Se cada um de nós fizer a sua parte conforme o esperado, estas situações acima como do minimercado ou da apresentação não iriam ocorrer. Ao terminar de usar o carrinho, remova-o do local para não atrapalhar o próximo cliente. Ao entregar um trabalho, faça-o em tempos razoáveis para que o próximo colega tenha tempo para concluí-lo bem.
Em muitas situações do cotidiano pessoal e profissional, o problema não é seu.
O problema é QUEM CRIA O PROBLEMA e passa para frente sem resolvê-lo.
Aconteceu alguma situação profissional que se encaixe no caso acima? Gostaria de compartilhar conosco?
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Muito oportuno o artigo. Através de um exemplo cotidiano, inicia-se a aplicação do tema às questões Corporativas. O ideal é que além de verificarmos a aplicabilidade do tema, nos auto-examinemos. Temos feito a nossa parte? Em relação ao exemplo do carrinho, não penso que seja má vontade das pessoas que deixam o carrinho no lugar indevido... lamentavelmente boa parte das pessoas não têm a visão do todo... e creio que isso acontece porque não foram preparadas para desenvolver esta visão mais ampla (o 'big picture'). É tempo de ensinarmos aos nossos filhos e subordinados a importância de vermos o todo. (Arnaldo Di Petta)
ResponderExcluirPuxa vida concordo com o rapaz anônimo. Sr. toshi eu sinto muito, embora entenda o que quis explanar, mas em sua colocação parece sempre que o outro é culpado. Nos dois exemplos eu iria consideraria a sua atitude e a da Maria. eu pensaria diferente, no mercado, precisa atitude de simplesmente empurrar o carrinho do outro para um lado. No caso da Maria eu persuadiria o João com argumentos mais fortes e convicentes. Acho que em ambos os casos "ter razão" é suficiente para justificar a falta da ação. o que a meu ver é um grande equívoco.
ResponderExcluirO administrador, seja em quaisquer áreas de atuação, deverá ter um visão holística da empresa em quem está inserido. Como administrador de empresas, defendo os princípios de Warren Bennis: "A organização somos todos nós. Nós somos a organização."
ResponderExcluirO administrador, seja em quaisquer áreas de atuação, deverá ter um visão holística da empresa em quem está inserido. Como administrador de empresas, defendo os princípios de Warren Bennis: "A organização somos todos nós. Nós somos a organização."
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