quinta-feira, 1 de outubro de 2015

Crônicas de RH: estagiário-presidente






Por Carlos Eduardo Rogério (Diretor Executivo -  Travessia RH), publicado originalmente como um capítulo no livro "Crônicas de RH: Retratos da Tragicomédia Corporativa", republicado com autorização do autor.




O termo estagiário envolve uma série de histórias sobre seus personagens. Eu também fui estagiário e, ao longo de minha carreira profissional, tive a oportunidade de trabalhar com vários deles, tentando de alguma  maneira contribuir com o desenvolvimento de suas carreiras. Nem sempre você tem sucesso, pois ainda há muitas coisas confusas nas cabeças dos jovens de um modo geral. Os estagiários são jovens e têm muitas dúvidas.

De todos os estagiários com quem trabalhei, guardo na memória e no coração um em especial, o Drida. Ele era muito diferente dos outros, sempre atento, ávido por aprender e nunca tinha tempo ruim. Os problemas para ele eram sempre oportunidades. Inteligente, rápido e compromissado. Era um jovem que sabia o que queria: conquistar seu espaço profissional. Vendo essa disposição, logo passei a chamá-lo de “estagiário-presidente”.

Eu tinha tirado a sorte grande. Inteligência muito superior à média. Tocava piano, jogava tênis e xadrez, falava um inglês perfeito sem nunca ter saído do país. Coloquei o Drida na área de comunicações, e nunca fomos tão claros, específicos e compreendidos por todos.

Nossa intranet cinco estrelas (feita em inglês, português e espanhol) foi elaborada por ele, assim como as apresentações cheias de recursos numa época em que não existiam as facilidades de hoje.

Na primeira vaga que tivemos, puxamos o Drida para dentro da organização. Passou a ser responsável pelo programa de visitas e participou de modo intenso da produção do vídeo institucional de RH, que ficou uma obra-prima.

Tudo o que ele fazia ficava incrível. Nesta época, ganhamos por três vezes consecutivas o prêmio “A Melhor Empresa para se trabalhar” e fomos convidados para dar palestras por todo o Brasil, claro, levando o Drida, pois em muito ele tinha ajudado no projeto.

Toda vez que eu tinha uma ideia que achava muito boa, pedia para ele desenvolver, e sempre a solução proposta por ele era muito melhor do que eu poderia ter imaginado. Também era ele que “brifava” nossas reuniões trimestrais temáticas, das quais todos os funcionários participavam.

Considero o meu maior mérito neste caso nunca ter atrapalhado o seu desenvolvimento e não me incomodar com o intenso brilho dele. Sempre o apoiei e o estimulei a estudar e progredir em seu crescimento profissional.

A empresa em que trabalhávamos foi vendida e tive que dispensá-lo, mas sempre mantivemos contato. Logo arranjou um cargo de gerente de marketing júnior, e me lembro da primeira vez que ele levou um grupo de vendas da empresa para a Universidade Disney, onde fizeram um curso sobre atendimento a clientes. Não sei quem ficou mais feliz; ele ou eu.


De lá, foi para outra empresa para ser gerente regional de produto, com muito mais responsabilidades. Mesmo de longe, sempre acompanhei sua carreira e suas conquistas. Um dia, há tempos atrás, pediu minha opinião sobre um processo de que ele estava participando. Não tive dúvidas em incentivá-lo a ir.


Hoje, com 35 ou 36 anos, já é diretor de marketing para a América Latina de uma gigante americana. 


Com certeza, em mais uns cinco ou dez anos, minha previsão será concretizada: Estagiário vai virar presidente!


Por: Carlos Eduardo Rogério


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